Segunda-feira, 25 de Outubro de 2004

O Abismo

Na Quinta-feira, na SIC Notícias, oito economistas e fiscalistas de vários quadrantes discutiam o orçamento de estado e faziam previsões. Houve unanimidade na constatação de um presente sombrio e de um futuro de ruína.
Ao que disseram, a despesa em Portugal tem crescido mais do que a receita. Demonstraram que apesar do apertar do cinto a que fomos submetidos por Manuela Ferreira Leite, não se baixou o défice. Que as receitas extraordinárias são um analgésico que não cura a doença e que, quando tudo já estiver vendido, vamos bater no fundo.
Tudo isto já se adivinhava, mas nunca tinha sido dito com tanta frontalidade.
Também foi dito que nenhum ministro da Finanças consegue resolver o problema, porque não há vontade política de tomar as medidas necessárias: porque estas passam por decisões que, no seu conjunto, levariam a uma espécie de levantamento geral da população.
Mas certezas, todos as tinham, sendo que, a mais assustadora, consistia na necessidade de aplicação de um choque orçamental e fiscal que quanto mais tarde for efectuado, mais intenso será.
Portanto, caros amigos, se pensam que isto está mau, esperem que vai ficar pior.
É por isso que não entendo que, sem ter havido qualquer melhoria, significativa ou não, da economia portuguesa, se estejam a tomar medidas que vão aumentar as despesas do Estado. Não é que elas não sejam necessárias, apenas são tão impossíveis como, para a grande maioria das famílias, comprar uma casa maior ou um carro novo: é necessário, mas não se compram porque não há dinheiro.
O actual governo faz o que fizeram os outros: transfere o problema para o seguinte.
Já nem podemos dizer que estamos à beira do abismo: segundo aqueles oito senhores, já estamos no abismo.
publicado por bartsky às 12:03
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2 comentários:
De Anónimo a 25 de Outubro de 2004 às 19:32
Sobretudo é a falta de coragem associada à "nossa" tradição de viver acima das nossas capacidades, originaram e originarão esta situação.
A vontade de protagonismo e a ambição desmesurada da quase totalidade dos nossos governantes e população, bem como a cultura de irresponsabilidade que se vive nas empresas e Estado levam-nos à cada vez maior anarquia reinante.
Por mim a solução é simples e começa exactamente em nós mesmos; uma atitude que não seja pautada pelo valor "dinheiro", mas por valores que apesar de não serem novos, ainda resultam como pilares da vivência em sociedade e não têm nada de sofisticado: Honra, sensatez, educação, cultura... Infelizmente estes são valores que hoje em dia voltaram a ser ideais. Ou pelo menos apenas o dinheiro confere o título de os exercer... enfim.
Este abismo, a meu ver, é tanto mais grave no nosso país, visto que não me lembro de alguma vez enquanto portugueses nos termos unido para alcançar um objectivo, ou termos seguido alguma estratégia para determinado(s) objectivo(s) definidos enquanto nação; ou ainda termos passado necessidades ou termos sacrificado qualquer coisa pessoal em troca de um bem geral. Apenas poucos o fizeram sempre ou alguma vez, mas nunca todos ou a maior parte e ao mesmo tempo.
Desculpem a seca... teikdbra
</a>
(mailto:teikdbra@hotmail.com)


De Anónimo a 25 de Outubro de 2004 às 18:51
é o q dá os lobyys...p0iNg
</a>
(mailto:p0iNg@sapo.pt)


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