Terça-feira, 30 de Novembro de 2004
À semelhança de outros princípios, o bom exemplo caiu em desuso. Necessariamente, o mau exemplo também. Os exemplos de hoje, bons ou maus, vêm de ídolos audiovisualmente criados. Mas, o facto de terem caído em desuso, não significa que não tenham a influência que sempre tiveram. Vem isto a propósito do que se passa a nível governativo e que a minha Avó, se fosse viva, classificaria de pouca vergonha. O comportamento do governo, no seu conjunto, começando pelo Primeiro Ministro e ministro da Defesa e passando pelos ministros agentes políticos, é demasiado informal e errático, não inspira respeito nem confiança aos portugueses. O exemplo de laxismo, de porreirismo, de improviso, de habilidades malabaristas, está a transmitir-se ao quotidiano dos cidadãos e das instituições. Veja-se o exemplo da negligência policial no primeiro dia de julgamento do caso Casa Pia, ou mesmo da falta de ponderação do arranque do julgamento num espaço que, manifestamente, não tem condições suficientes. Quando soam notícias de funcionários do SEF a quem não pagam as horas extraordinárias a que têm direito há dois anos e os advogados ameaçam entrar em greve por falta de pagamento dos honorários, continuamos no domínio dos maus exemplos. O cidadão sente-se legitimado no seu comportamento, pelo exemplo que vem de cima. Se o caso de Timor uniu os portugueses e os tornou mais simpáticos, ainda que momentaneamente, as diatribes deste governo e as críticas dos seus pares ideológicos estão a conduzir a um sentimento colectivo de irresponsabilidade e degradação. Esta maioria está a prestar um mau serviço ao país: desde o Prec que não se via uma trapalhada assim.
Domingo, 28 de Novembro de 2004
Pensava eu que a frase do ano era "Foi-se embora o cherne, ficou o carapau de corrida" e afinal aparece Cavaco Silva a dizer ao Expresso que "É chegado o momento de os políticos competentes afastarem os políticos incompetentes". Vinda de quem vem, é a frase do ano. Mas, para eu e Cavaco estarmos de acordo, das duas uma: ou ele mudou muito ou, de facto, isto está muito pior do que por aí se diz.
Quinta-feira, 25 de Novembro de 2004
Coimbra é uns microcosmos ou, se preferirem, uma reprodução liofilizada do país. Com um pequeno esforço de publicitação, entraria para o Guiness. Deve ser exemplo único, pelo menos na Europa em que, por acidente geográfico, nos encontramos, de uma rotunda demorar cerca de um ano a ser construída. Já é o segundo caso e sempre na Avda. Fernando Namora. Os serviços camarários, pelo sim pelo não, já se deslocam em veículos todo terreno mas os seus agentes, vítimas de uma miopia selectiva, ignoram meses e meses sem passeios, com paragens de autocarro em ilhas de lama e passadeiras que começam e terminam em troços de trial. A complacência da Câmara de Coimbra para com os empreiteiros roça a ternura erótica. Remodelam-se quatro rotundas a um custo de 115 mil contos com a desculpa esfarrapada de se encontrarem muito baixas e, por isso, os veículos as invadirem em situação de despiste. Então e as outras, não faz mal que se passe por cima? Cá para mim, esta coisa da remodelação das rotundas foi apenas para fomentar a economia local. Dos empreiteiros, claro. Qual dona de casa negligente, alindou-se o espaço circundante e de acesso ao estádio, antes do Euro 2004. Parecia mal os estrangeiros verem a lixeira e desmazelo em que temos a casa Coimbrã. Agora, voltou tudo ao mesmo: já podemos conviver, de novo, com o espaço urbano de ervas daninhas, de separadores não calcetados, etc. Sendo uma terra com grande afluência de turismo, destruiu o parque de campismo e, embora a placa o assinale, continua a não existir. Em Lisboa não fecham a 2ª Circular ao trânsito quando há jogos de futebol. Em Coimbra, no dia do jogo Académica-Belenenses, fecharam o trânsito nas ruas envolventes do Estádio! Resultado: 35 minutos para fazer dois quilómetros. Parece que a abundante inteligência de Coimbra tem alguma dificuldade em passar para a prática.
Terça-feira, 23 de Novembro de 2004
Sábado, 20 de Novembro de 2004
Espero que Sampaio continue a tentar redimir-se por ter nomeado este governo. Vetar a Central de Comunicação que, em rigor, se deveria chamar Central de Intoxicação, é da mais elementar justeza de apreciação. Na realidade, é óbvio para qualquer indivíduo, mesmo de inteligência medíocre, que o governo apenas pretende começar já a fazer campanha.
Noutro domínio, criticar a escolha de Jerónimo de Sousa apenas porque ele não faz parte do elenco de licenciados deste país é, no mínimo, demonstrador de preconceito de classe, particularmente incoerente quando vem da esquerda anacleta.
Segundo esta perspectiva, Saramago foi laureado com o Nobel porque o júri é uma cambada de parolos: o escritor nem sequer concluiu o liceu.
Nota: escusam de vir para aí com comentários parvos porque eu faço parte do elenco, mas sei distinguir habilitação de capacidade, independentemente do caso em apreço.
Segunda-feira, 15 de Novembro de 2004
Noite de Domingo. Na televisão, um tipo de nariz afiado grita a uma plateia em extase quase orgástico que a austeridade já acabou: será que a doença do Alberto João é contagiosa? Logo a seguir o Sporting ganha ao Boavista por 6-0. Enquanto andei nas serranias terei perdido alguma coisa?
Quinta-feira, 11 de Novembro de 2004
O top do Sapo cada vez tem maior qualidade, a avaliar pelos títulos.
Bom proveito.
Segunda-feira, 8 de Novembro de 2004
height=54 alt=10anos_nova_hp.JPG src="http://votemnasputas.blogs.sapo.pt/arquivo/10anos_nova_hp.JPG" width=202 border=0>
color=#000099>Estou farto, por isso vai ser redireccionado para o novo alojamento.
Com 10 anos, o Sapo já devia ter juízo.
Terça-feira, 2 de Novembro de 2004
É hoje julgada a jovem que, com 17 anos, tomou uma mistela qualquer para abortar. A coisa complicou-se e, ao dar entrada no hospital, um enfermeiro denunciou-a pelo crime de prática de aborto.
País hipócrita, de falsos moralistas, ideologicamente conduzido por frequentadores do Elefante Branco, do Parque Eduardo VII e outras Estrelas, que escondem os seus vícios privados sob o manto das públicas virtudes.
Um país regido pelas convicções do fundamentalismo ortodoxo, que está cada vez mais com ambiente de sacristia, como se fossemos uma grande delegação da Opus Dei.
Neste jardim de virtudes cristãs, a prostituição não existe, a pedofilia tem de ser denunciada pela comunicação social, os abortos são uma aberração de foragidas da lei do deus oficial.
Este país não precisa de reformas, precisa de reforma.
Pena é que os defensores do direito à vida, não defendam também o direito à qualidade de vida das mulheres.
A jovem foi agora mesmo absolvida: por uma vez, fez-se JUSTIÇA.
Já há meses me referi a este caso aqui:LINK
Segunda-feira, 1 de Novembro de 2004
color=#000099>33% de aumento de desemprego durante o mandato Bush. Agora digam-me que a generalidade dos americanos não é uma cambada de intoxicados se, com estes dados e sabendo que o homem é um mentiroso, ainda o elegerem. Bem, na verdade a Europa também vai ter um mentiroso a liderar os seus destinos, agora chama-se José Barroso e alinhou com o Bush nas patranhas.